quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A reconstrução Todas as quintas feiras vou visitar a "minha" obra. É uma obra muito feia, suja e tosca. Não posso dizer que cada pormenor foi pensado, nem sequer que me alicia a sua forma.
Mas ás vezes, quando saio de lá, lembro-me dos tempos em que eu não sabia como é que as pessoas iam trabalhar todas as manhãs, como suportavam os patrões, como se lidava com a censura e a crítica implacável que qualquer actividade implica.
Eu não sabia como se fazia porque até essa altura todas as experiências tinham sido enrriquecedoras mas totalmente castradoras. Ou trabalhava com pessoas totalmente frias e formais, ou pessoas mesquinhas, ou passava meses sem receber ordenado.
Pior do que isso, talvez por ser um bocado piegas, acreditava que não suportaria viver com as criticas duras com que lidava. Para mim, se trabalhar fosse viver todos os dias aquela infelicidade, não valeria apena.
Deprimidos com o meu queixume, os mais próximos alertavam-me que trabalhar era mesmo assim. Que todos passavam por isso.
Tentei acreditar nisso e hoje dou-me conta de como estavam errados. Trabalhar pode exigir sacrifício, pode exigir qualidades ou defeitos que julgávamos não ter. Mas trabalhar não deveria ser sinónimo de sofrimento como o foi, para mim, há muito tempo.
Quando eu saio da obra, todas as quintas feiras, sinto-me feliz. Não saio realizada porque os meus sonhos não se esgotam mas provo a mim mesma que algumas barreiras caíram porque tive sorte e porque acreditei em mim.
Há semanas em que apenas neste dia sinto aquilo a que poderia chamar de felicidade.
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