sábado, 3 de janeiro de 2009

É tudo muito triste
“Passados 17 meses e 15 dias perguntaram-me se, por acaso, eu tinha os livros.

Deixa ver se eu me lembro…Foi-se embora de um dia para o outro, deixando tudo para trás. Durante meses, a minha revolta manifestou-se em respostas hostis e frias, mas é certo que nunca mais voltou. Nunca mais.

E agora, perguntam-me se eu tenho os livros…..

Sim. Sou eu que os tenho. Estão guardados no mesmo lugar onde guardei a decepção, a traição e o desprezo. Não os preciso para nada. E para além de alguma utilidade prática que não vislumbro nem os quero tampouco.

No entanto penso que me pertencem. São a compensação da dor sentida mesmo que nada compensem. São a vingança infantil e idiota dum sofrimento tão maduro e real.

Se os quisesses e se fossem importantes tinha-los levado naquela sexta feira. Se sentisses que eram mesmo teus não os tinhas deixado. Não apenas me deixaste como deixaste tudo.

E eu, que quis morrer durante meses porque já estava morta por dentro, fiquei com os livros e guardei-os porque tu já não me querias e eu queria que tu pagasses de alguma forma. Irracional? Incoerente? Claro que sim. O coração tem destas coisas.”

6 comentários:

  1. Olhe em frente e corra. A bagagem pode ser pesada e dificil de deixar para trás mas é a unica forma de ganhar a sua paz.
    Faça uma purga. Vai perder coisas boas junto com as coisas más, mas tambem vai ganhar espaço para novas coisas boas (e algumas coisas más).
    Decida ser bonita e inteligente, e decida viver tranquila com as suas escolhas daqui para a frente. Ninguem a magoará mais do que deixar.

    E.

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  2. E.
    Ás vezes perpetuamos a dor porque nos agarramos ao material e acessório como a única forma que temos para nos sentirmos "vingadas". Reconheço que é um sentimento pobre mas creio que é uma das minhas fraquezas como ser humano. Este texto fala apenas da emoção tantas vezes irracional que nos arrebata e não nos deixa seguir em frente. Mas tem toda a razão no que escreveu e foi muito bom que o tenha feito. Muito obrigada.
    Tania

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  3. Às vezes as pessoas estão ou ficam em páginas diferentes da vida e não sabem ou não conseguem perceber isso a tempo. E isso, se formos humanos, faz doer. Não é raro ambas as partes se sentirem vítimas, mesmo que uma tenha um sítio fofo onde cair.
    Um bom conselho que uma vez recebi passava por espalhar a "felicidade" por várias cestas e de forma equilibrada. Pode não ser muito romantico e vertiginoso, pode não dar adrenalina, mas tambem não perdemos o equilibrio quando "a cesta" cai.
    Dificilmente nos caiem as cestas todas ao mesmo tempo, e assim, amigos, familia, trabalho, hobbies e o gato carregam o peso do namorado que partiu ou a planta que morreu.

    E.

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  4. É engraçado. Esta tarde tive uma conversa precisamente sobre o ponto que focou. Quando algo se perde existe sempre algo que se ganha e a vida, felizmente, oferece-nos coisas insubstituíveis e maravilhosas que devemos valorizar continuamente. Concordo que o nosso equilibrio pessoal também resulta do amor que depositamos nos outros e nas coisas que fazem parte da nossa vida. Acredito também que a nossa felicidade passa por apreciar e sentir alegria nas coisas mais pequenas e, muitas vezes, aparentemente insignificantes.
    Assim, quando a "cesta" cai e nada faz sentido, podemo-nos reconstruir, a pouco e pouco, através da alegria de infinitas pequenas coisas.

    Pela escrita que nos oferece, para quando o seu blogue? Seria, decerto, interessante.

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  5. :) Na escassez de tempo e vontade, prefiro gastá-"los" a ler que a escrever.
    Talvez um dia.

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